segunda-feira, 31 de agosto de 2009
sábado, 22 de agosto de 2009
Dar e Receber
Na verdade, dar e receber são a mesma coisa. É um movimento em duplo sentido da mesma energia.
Na matemática cósmica, não existe dar e subtrair, existe dar e multiplicar. No ato da doação, no momento em que presenteamos alguém com algo, este algo se multiplica e volta para nós potencializado, causando dessa forma uma sensação de preenchimento em nosso ser. É a alma sendo alimentada. E neste ato o doador não subtrai nada de si, apenas soma.
E é por este motivo, que pessoas carentes, só são curadas de suas carências, doando-se, porque apenas dessa forma podem acessar a abundância do universo, e serem preenchidas, serem supridas em suas carências.Receber está implícito em doar . É a Lei!
Portanto, carência é sinal de " necessidade" sim. Mas, necessidade de amar, e não o contrário, como se pensa.
O carente que tenta se suprir com o amor alheio, vai ser eternamente carente. Porque a sua capacidade de doar-se, é a única coisa capaz de lhe trazer a energia necessária, que irá suprir suas reais necessidades. Pois a carência real é da alma, e tudo que ela deseja é servir.
Portanto, uma alma carente é uma alma faminta, faminta de serviço, faminta de ação em prol dos seus semelhantes.É devido a isto, que serviços voluntários trazem tanto bem- estar e transformam as pessoas. Porque possibilita ao doador, receber ao mesmo tempo em que supri as necessidades do outro.
Que fique claro, que doação nem sempre é um ato externo; e que doação externa sem um movimento interno desinteressado de recompensas, é troca, e não doação.
Uma oração que se faz por outro, é um bom exemplo de doação sem movimento externo, e se dou algo a alguém esperando que o universo me recompense por minha boa ação, não estou doando verdadeiramente nada, estou trocando. Doação deve ser isenta de interesse por recompensas, deve- se servir ao outro, apenas por saber de sua necessidade, o que deve nos mover é o sentimento de serviço, e não um interesse em ser beneficiado. Sermos bons é nosso dever, e agindo assim estamos cumprindo a Lei do Amor, via pela qual, se é curado de todas as carências.
Quem se sente vazio deve buscar a plenitude doando-se. A cura está em doar-se.
Se você trabalha, faça com o sentimento de doação, se você cuida faça com o sentimento de doação, se você escuta faça com sentimento de doação. Se você cultivar esta atitude interior, verá como se torna mais fácil sentir-se bem. Não espere por recompensas, através do reconhecimento de seus atos, pois sua via de acesso ao amor não é externa, ela é interior.
Manifestações de afeto, podem trazer alegria e algum conforto. Contudo, o único sentimento que o faz sentir-se completo, preenchido e plenificado só pode vir de dentro.
Nada nos falta, tudo o que necessitamos já nos foi concedido. Se estamos na carência, é porque acreditamos que o que nos falta, será trazido de fora. E dessa forma fechamos as portas que dão acesso à abundância em nosso interior.
Compartilhando em fraterna união...
Márvores.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Elementais
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Quando eu era taturana
Desgraciosa lagarta comilona,
Vi, um dia, uma borboleta,
E a borboleta me disse coisas estranhas.
Disse-me que eu devia virar crisálida imóvel,
Para me tornar borboleta.
A borboleta era bela e feliz ;
Mas, isso de morrer?...
Para minha ignorância, a crisálida era morta,
Enclausurada num esquife escuro,
Sem portas nem janelas,
Sem movimentação nem respiração
Não rastejava como eu,
Nem voava como a borboleta;
Era inerte como um cadáver.
Mas o lepidóptero me disse que a transição da minha semi-vida para a pleni-vida dele passava pela pseudo-morte da crisálida.
Para que eu me pudesse expandir para a pleni-vida, devia eu concentrar-me silenciosamente.
Devia eu centralizar num foco único todas as minhas dispersividades periféricas.
Só desse centro atômico podia nascer o cosmos.
Ouvi essas palavras de suprema sabedoria, e não as compreendi.
Não as compreendi, mas aceitei-as.
Aceitei-as e incubei a verdade.
Eu não estava madura para passar da crença para a experiência.
Mas a crença na verdade me preparou para a experiência na verdade.
Após longo tempo, a minha crença eclodiu em experiência.
Deixei de ser taturana do ego.
Desegofiquei-me, transmentalizei-me.
Preludiei a borboleta do meu Eu.
Deixei de comer, deixei de rastejar pelas baixadas da terra.
Retirei-me a um canto silente e solitário.
Joguei fora a minha pele.
Enclausurei-me hermeticamente num invólucro de quitina.
Morri...
Morri, não para dentro da morte.
Morri, para dentro de uma vida maior.
Não sei quanto tempo dormi o meu sono de crisálida.
Lá onde eu estava não havia tempo.
E, durante esse samadhi, minha alma vígil elaborou outro corpo.
Quatro asas velatínias, dois hemisférios de olhos facetados, uma delgada seringa para sugar o néctar das flores.
Tudo isto foi elaborado, à minha revelia, no místico laboratório do meu esquife.
Pelo poder da minha alma vigíl.
Eu nada fiz, tudo foi feito por Alguém em mim.
Numa radiosa manhã, rompeu-se o meu invólucro.
Eu ainda sou eu.
Mas não rastejo mais, pelas imundas baixadas da terra.
Vôo pelas límpidas alturas do espaço solar.
Só de longe em longe desço para sugar uma gota de néctar, do perfumoso cálice das flores.
E quando me encontro com uma taturana, nínguem acredita em minhas palavras.
Nínguem acredita que eu fui o que elas são e que elas serão o que eu sou.
Tão diferentes são as nossas existências, e tão idêntica é a nossa essência.
Se eu não me identificasse com a invisível essência que sou, jamais a visível existência que tenho me faria borboleta.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
O Sacramento do Silêncio
Deus não me fala se eu não me calar.
O silêncio do ego provoca o verbo de Deus.
A minha ruidosa ignorância afugenta a silenciosa sapiência de Deus.
O meu ruído é estéril, o silêncio de Deus é fecundo.
Quem fala esteriliza a mente.
Quem pensa esteriliza a alma.
Quem não fala nem pensa, fertiliza a alma.
Para além de palavras e pensamentos começa a consciência espiritual.
É necessário, primeiro, pensar mentalmente e depois conscientizar espiritualmente; E jorra para dentro de mim a plenitude da Realidade Divina.
O sacramento do silêncio e da solitude produz a consciência espiritual.
Muitos sabem falar eloqüentemente.
Alguns sabem pensar corretamente.
Poucos sabem silenciar dinâmicamente.
Mas... o silêncio é a agonia do ego. E, por isto, os ególatras têm horror ao silêncio, porque têm horror ao egocídio; Prelúdio para a ressureição do Eu crístico no homem.
Para quem viveu do barulho 30, 50, 80 anos, se afoga no mar do silêncio. E, por isto, tenta agarrar-se a qualquer tábua de salvação.
O ambiente vital do ego é ruído, seja material, seja mental, seja emocional; O ego não vive sem ruídos e barulhos de toda a espécie. Quando então lhe falta esse indispensável elemento vital, sente-se o ego como que sem ar, sem alimento e, se não consegue adaptar-se ao amiente do silêncio, acaba morrendo de asfixia ou inanição.
Huberto Rohden
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Renunciar a Tudo e Orar Sempre
Os grandes iniciados insistem em duas coisas, para que o homem se realize plenamente: renunciar e orar.
"Quem não renunciar a tudo que tem, não pode ser meu díscipulo".
"Orai sempre, e nunca deixeis de orar".
Poucos sabem o que é renunciar e orar.
Renunciar não se refere, em primeiro lugar, ao abandono de bens materiais, mais sim ao desprendimento de um estado mental, de um falso pensar e um falso querer. O que impossibilita a auto-realização do homem é a sua identificação com o seu ego. Quem não se desapegar desse falso apego, não pode realizar-se em espírito e em verdade.
Quando o homem se desapega do falso pensar e do falso querer, torna-se fácil e espontâneo o desapego do seu falso possuir. A renúcia aos bens materiais é apenas um corolário, uma consequência, da renúncia a uma ilusão mental, a um falso pensar e um falso querer.
A alma da renúncia é o desapego da tradicional identificação com o ego-físico-mental-emocional. Uma vez que o homem renunciou a esse seu ter mental-emocional, torna-se fácil a renúncia a seu ter material.
Pode ser que a renúncia material não seja necessária, ou aconselhável, mas a renúncia mental-emocional é sempre indispensável.
Palavra igualmente mal entendida é "orar", que muitos identificam com rezar. Rezar é um ato transitório do ego, orar é uma atitude permanente do Eu. Orar é uma abertura da alma em face do Infinito, em face da Realidade, em face da Alma do Universo, que é a Divindade.
A permanente atitude cósmica, chamada oração, é perfeitamente compatível com qualquer trabalho profissional, com qualquer atividade externa do ego. A verdadeira oração não somente não impede o trabalho exterior, mas o beneficia grandemente. Quem trabalha à luz da oração trabalha com maior alegria, simpatia e leveza, porque a atitude da oração reveste de um halo de poesia e beleza todo e qualque trabalho, por mais humilde que seja.
Pouco a pouco, o homem de oração permanente e de renúncia total verifica que esses dois imperativos do Cristo não são dois, mas um só. O homem de permanente abertura cósmica verifica, com grata surpresa, que essa atitude de consciência não tem vontade de ter algo, mas de ser alguém, por que descobriu que todo o algo objetivo é pura ilusão, e que somente o alguém subjetivo é que é a verdade. O ser alguém eclipsa o ter algo.
A experiência do auto-conhecimento anula todo o desejo de algo possuimento.
A verdade do Eu nulifica todas as ilusões do ego.
Renunciar a tudo e orar sempre, são idênticos em sua essência.
Por isto, o homem em oração permanente e de renúncia total não se considera virtuoso; ele sabe apenas que a verdade o libertou das ilusões. Ele é um homem liberto, um homem realmente livre, e por isto um homem profundamente tranquilo e feliz.
Irrequieto e infeliz é todo o homem enquanto deseja ter algo; tranquilo e feliz é todo o homem que é alguém.
Renunciar a tudo é orar sempre.
Huberto Rohden
Os meus, os seus, os nossos...
E então começa
Poema Enjoadinho - Vinícius de Moraes
domingo, 9 de agosto de 2009
Cultores da Mediocridade
Antes de pensar, informa-te sempre do que deve ser pensado, a fim de não introduzir no mundo o contrabando de idéias novas.
Não penses nunca com o próprio cérebro; mas sempre com a cabeça dos outros.
Dize sempre sim quando os outros dizem sim; e não quando os outros dizem não.
Lê a cada manhã, ao café, o teu jornal, para saberes o que deve ser pensado naquelas vinte e quatro horas.
Quando vier alguém com idéias novas, evita-o como um perigo social e tem-no em conta de herege e demolidor.
Não te exponhas ao perigo de fazer o que o vizinho não faz; mas lembra-te da comprovada sapiência burguesa: o seguro morreu de velho.
Sê amigo dedicado da tua tépida poltrona; e não te exponhas a vertigens de vastos horizontes.
Prefere sempre as paredes maciças dum cárcere e as grades duma gaiola às incertezas dum vôo estratosférico.
Não abras nunca portas fechadas; passa tão somente por portas abertas
Não explores caminhos novos, como os bandeirantes; anda sempre por estradas batidas e sobre trilhos previamente alinhados.
Vai sempre com o grosso do rebanho, como os bons carneiros; e não procures caminho `a margem da rotina geral.
Em suma, meu insigne cultor da mediocridade: deixa tudo como está para ver como fica.
Destarte, conservarás a saúde e a tranquilidade dos nervos e poderás tomar, cada dia, com sossego, o teu chope ou coquetel; e passar por homem de bem.
Se, porém, resolveres, um dia, sair da rotina tradicional e expor-te ao perigo mortífero dum ideal superior, então lê com atenção o que te diz um homem que conhece a vida:
Vai às margens do Ganges e pede ao mais robusto dos elefantes que te ceda a sua pele paquidérmica, para com ela revestires a tua alma.
Vai às praias do Nilo e arranca ao mais velho dos crocodilos a sua impenetrável couraça e faze dela invólucro do teu coração.
E depois de assim encourares a tua alma, sai por este mundo afora e dize aos homens da honesta mediocridade que vives por um ideal que não está no estômago nem nos nervos nem no sangue; e verás que eles te declararão guerra de morte.
Pois, deves saber, meu amigo, que o mundo não sacrifica um só ídolo por um ideal.
Desde que o mais arrojado idealista da história foi crucificado, morto e sepultado; são todos os idealistas crucificados pelos cultores da mediocridade.
Nada de grande acontece no mundo sem que o mundo se revolte.
Tudo que é belo e grande; agoniza fatalmente entre os braços da cruz.
É essa gloriosa tragédia dos homens superiores.
Huberto Rohden